No início de novembro, a divisão brasileira já completa foi rocada para o vale do rio Reno, na região da Emília Romana. Naquele setor do front que exercia pressão na direção da cidade de Bolonha, a FEB, agora sob o comando do General de Divisão João Batista Mascarenhas de Moraes, foi alocada ao General Willis D. Crittenberger, do IV Corpo do V Exército Americano, para reforçar a última tentativa de romper a Linha Gótica antes do fim de 1944. Na situação tática do IV Corpo, isso significava negar ao inimigo a posse das elevações que impediam o tráfego pela Rota 64 – uma das duas rodovias que, na época, estabeleciam a ligação entre a Toscana e o vale do Pó. À direita do setor do IV Corpo e em direção ao centro da porção norte dos Apeninos, encontrava-se o II Corpo de Exército Americano, empenhado na função de abrir o acesso pela Rota 66, que liga Florença e Bolonha atravessando o Passo della Futa, situado a cerca de 16 quilômetros de distância da cidade. Responsável pelo esforço principal na frente do V Exército, o II Corpo tinha conseguido penetrar a Linha Gótica nos passos della Futa e il Giogo, mas a exaustão, chuvas, problemas de abastecimento e o terreno mais difícil até então encontrado na Itália detiveram o avanço americano. Ainda com a chegada das unidades remanescentes que completaram a divisão brasileira, o V Exército permanecia com 7.000 homens abaixo do efetivo[1].
Os Aliados continuavam a seguir a mesma lógica estratégica na Itália: segurar o maior número possível de divisões inimigas no país, o que convinha com o interesse germânico de manter a posse do vale do Pó, em função da dependência recursos do Reich na região. Este objetivo deveria ser alcançado com uma situação de suprimentos gradualmente restringente: no começo de dezembro, o V Exército determinou ao seu II Corpo que em dias normais de operações a cota de disparos da artilharia deveria ser racionada em 15 granadas para cada obuseiro de 105mm, 18 para os de 155mm e 11 tiros para cada canhão de 155 milímetros[2].
Assim que os brasileiros chegaram à zona do IV Corpo, o III Batalhão do 6º Regimento de Infantaria foi cedido à Task Force 45, uma força-tarefa poliglota, composta de guerrilheiros italianos, artilheiros antiaéreos britânicos e americanos convertidos em infantes e homens da 92ª Divisão de Infantaria, composta de soldados negros e uma maioria de oficiais brancos – naquele tempo, o Exército Americano ainda praticava a segregação racial. A integração praticada pela FEB impressionou os soldados negros americanos. Naquele momento, entretanto, todos tinham um sério problema com que se preocupar: os Apeninos logo à frente[3].
[1] Clark, M., op. cit.
[2] Fisher Jr., op. cit.
[3] Task Force 45 Operations Report.